Nossa Palavra: Aproveitar o que temos de melhor

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Todo ano é a mesma ladainha: a Cidade tem que descobrir sua vocação. Município pobre, até então dependia praticamente da agricultura. Hoje, com alta tecnologia na roça, não sobrou emprego para ninguém: as máquinas dominam tudo. Mesmo assim (e talvez por causa disso) Taquaritinga já lidera a produção de goiaba no país e no estado é a segunda produtora de manga.

Apesar disso, o Município ainda não decidiu qual rumo deve tomar, mas essa decisão não pode ser tomada de fora para dentro, tem que ser tomada de dentro para fora. Também já se falou no pólo educacional que a Cidade detém e temos muitas faculdades: Uniesp, Ites, Fatec, Etec, Etam para vender nosso peixe. Estamos formando uma nação universitária.

Essa questão, porém, esbarra num ponto fulminante: a Cidade tem que se preparar para receber a mão de obra qualificada dos universitários, senão Taquaritinga servirá somente como exportadora de cérebros para outras cidades. Infelizmente, os intelectuais de Taquaritinga também não concordaram logo com essa vocação e desdenharam dessa ideia.

Agora a estrada desbravada é para o setor do turismo, o que tem também seus limites dada a grande quantidade de municípios que pleiteiam o interesse turístico. Nem todos, na verdade, chegarão lá. Taquaritinga, é verdade, ainda engatinha nessa modalidade, mas este O Defensor não abrirá mão de defendê-la e suas páginas estarão abertas para divulgá-la. Afinal, enquanto o Município não definir essa questão, a sua população não vai ter a auto-estima suficiente para suplantar os obstáculos que próprio estado vem impondo.

A Cidade precisa de uma injeção de ânimo, todos sabemos, mas isso só será possível quando o Município der os primeiros passos pelo caminho da vocação escolhida. Só se aprende a andar, andando. Cada um de nós tem sua opinião, sua convicção, a crença que lhe convém, mas o interesse de Taquaritinga deve falar mais alto. Não podemos deixar que o fanatismo partidário ou ideológico matem os sonhos de uma Cidade mais justa, próspera e desenvolvida.

Já sofremos muito no passado rancoroso com discurso de ódio e enfrentamentos desnecessários. Não levaram a nada, muito pelo contrário: feito caranguejo, a Cidade andou para trás; feito rabo de cavalo, o Município cresceu pra baixo. Agora cremos que é hora de sacudir a poeira e dar a volta por cima. De braços dados ou não (já que cada um sabe onde lhe aperta o sapato), pensamos no futuro.

O prefeito de Taquaritinga também precisa entrar nesta corrente: ouvir mais a população, principalmente nos bairros, sobre o que mais necessita e precisa. Dialogar com as mais diversas tendências (o cineasta Glauber Rocha costumava lidar com uma frase peculiar: dialogar não é aderir), dando transparência a seus atos administrativos. A crítica, quando não é destrutiva e nem pessoal, é sempre bem vinda. Quando este O Defensor mostra o que há de errado, pensa no coletivo, no bem-estar da população e não na imagem do senhor prefeito (seja ela qual for).

O próprio chefe do Executivo fez uma auto-crítica no começo da semana (depois de seu périplo pela capital) e deu a mão à palmatória: “já critiquei muitos governos, mas hoje reconheço que só sentando na cadeira de prefeito para ter conhecimento das dificuldades”. Ainda bem. O alcaide sempre foi um crítico contumaz. Chegou a levar em sua emissora o advogado Álvaro Lopes para sentar a pua nos adversários.

Quando este O Defensor, por exemplo, aponta falhas na administração, não está desdenhando da pessoa do burgomestre. A intenção é sim não deixar que Taquaritinga saia dos trilhos, já que o caráter, a honestidade e a perseverança do prefeito são sobejamente conhecidos. Enganam-se aqueles que o rodeiam (e que pensam ter nas mãos as rédeas do poder) e querem um “partido único” na Cidade.

O chefe do Executivo não tem o semblante ranzinza e mau-humorado dos ditadores por mais que seus asseclas assim o desejam. Precisa aprender o convívio alegre e democrático dos pensamentos divergentes, aceitar as diversidades, mesmo que elas não lhe sejam agradáveis em alguns momentos. E sabemos que o prefeito municipal tem razões de sobra para sair do ostracismo em que está permanecendo – o que, para um político, não é nada confortável essa redoma em que ele se meteu.

Quando o prefeito fica bravo com alguém que diz nas redes sociais que ele “não gosta de pobre e negro”, alcaide tem carradas de razão, esse tipo de preconceito dói mesmo na alma. Convidamos, então, o chefe do Executivo a se unir a este bando de munícipes que quer o bem de Taquaritinga, que torce desesperadamente para que  Cidade cresça e apareça no cenário estadual e não ficar dando ouvidos a alguns que (a exemplo da administração anterior) só servem para por minhocas na cabeça do chefe: são os que procuram pelo em ovo, chifre em cabeça de cavalo. Fique ao lado do povo, senhor prefeito, que as coisas começarão a dar certo. Não dê asas aos aspones!

 

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